Around the clock all the night ...
O rock proibidão do 'Ao Balanço das Horas'
Polícia interrompeu exibição do filme no Cine Paulista por causa da bagunça e histeria dos jovens
05 de novembro de 2015 | 12h 50
Rose Saconi
Antônio Lúcio/Estadão
Antônio Lúcio/Estadão
O rock, assim como todas novidades culturais, chegou causando. O ritmo era sinônimo de rebeldia e perversão quando surgiu na década de 50. Naquela época, as reações contra aquele tipo de música foram semelhantes as que o funk enfrenta nos dias de hoje e que enfrentaram outros ritmos, como o punk.
A estreia do filme Ao Balanço das Horas (Rock Around the Clock), com as músicas do novo estilo chamado rock and roll, causou um rebuliço enorme em São Paulo quando começou a exibição em 20 de dezembro de 1956. O filme, cujo nome em inglês é o mesmo da música pioneira tocada porBill Haley e seus Cometas, já havia provocado confusão na Europa e Estados Unidos com jovens dançando, batendo os pés, quebrando cadeiras e gritando durante a sessão.
A estreia do filme Ao Balanço das Horas (Rock Around the Clock), com as músicas do novo estilo chamado rock and roll, causou um rebuliço enorme em São Paulo quando começou a exibição em 20 de dezembro de 1956. O filme, cujo nome em inglês é o mesmo da música pioneira tocada porBill Haley e seus Cometas, já havia provocado confusão na Europa e Estados Unidos com jovens dançando, batendo os pés, quebrando cadeiras e gritando durante a sessão.
Com medo de que algo parecido pudesse acontecer por aqui, a "rádio patrulha" (polícia) foi acionada para vigiar a plateia no chique Cine Paulista, na rua Augusta, um dos locais onde o longa seria exibido. "O filme provocou manifestações histéricas de adolescentes", escreveu o Estadão. A primeira sessão teve que ser interrompida duas vezes por causa de jovens que gritavam e xingavam os guardas que os proibiam de dançar na sala.
No dia seguinte, 21, mais 11 cinemas exibiram o filme, desta vez regado a "fumeta", inseticida levado pelos jovens que provocava fumaça. O então governador Jânio Quadros pediu ao chefe de polícia que tomasse "providências drásticas" contra os bagunceiros. "Se forem menores, entregá-los ao honrado juiz", ordenou.
Proibido para menores. O Movimento de Arregimentação Feminina e a Comissão de Moral e Costumes da Confederação das Famílias Cristãs também se posicionaram contra a fita. "É preciso impedir que os menores de 18 anos continuem a praticar atos de selvageria e delírio coletivo", escreveu a comissão representativa de 10 mil famílias.
Sob pressão, Aldo de Assis Dias, juiz de menores, ampliou sua proibição de 14 para 18 anos. Cassetetes e censura esfriaram os ânimos, mas a agitação prosseguiu até início de janeiro.
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